Wednesday, October 01, 2008

A praia de Bournemouth...

No meio de julho decidimos aproveitar alguns dias do verão para pegar uma praia. Pare! Releia esta primeira frase. Mais uma vez. Você consegue identificar as inconsistência? Vamos fazer uma breve análise. Primeiro ponto: verão em julho. Desde quando verão aqui em Londres acontece em julho!? Claro, oficialmente, julho é verão. Mas isso nunca acontece. De fato, o verão só chega, quando chega, em meados de setembro, quando as férias se acabaram e os alunos já estão todos de volta às aulas. Segundo ponto: “aproveitar alguns dias no verão”. Já sabemos como é o verão por aqui (veja post anterior para melhor descrição). Então também sabemos que não é possível aproveitar alguns dias do verão. Simplesmente porque o verão não tem mais que um dia aproveitável. Verão, aqui, é veraneio. Talvez para melhorar um pouco a sentença, poderíamos substituir “alguns dias do verão” por “um dia de verão”. Terceiro ponto: “pegar uma praia”. Bom, aí já é querer demais. No único dia de verão do ano alguém ainda tem a esperança de estar na praia!? É forçar demais as barreiras da probabilidade. Certamente nunca acontece para quem planeja suas viagens. A única forma de você estar na praia neste dia de verão é se tiver alguma reunião de negócios no litoral. Daí, além de ficar o dia todo dentro de uma sala sem ar condicionado, vai conseguir, no máximo, caminhar de terno pela orla carregando o sapato no ombro. Ao fim de nossa rápida exegese, podemos reescrever a frase com mais realismo: “Em um dia do ano passado, conseguimos passar algumas horas sem chuva no litoral rochoso da Inglaterra” (nem sonhe com praia de areia fina e água de coco).

Mas vamos deixar esta longa e prosaica introdução pra lá. Pois não foi nada disso que aconteceu. Em julho de 2007 fomos mesmo passar alguns dias muito agradáveis em Bournemouth. Trata-se da melhor praia da Grã Bretanha (na opinião dos ingleses, é claro) e fica há pouco mais de uma hora ao sul de Londres. Pegamos o trem de manhã (não tão cedo) e chegamos por lá na hora do almoço. Ficamos hospedados numa guest house, um tipo de pensão, muito bem cuidada e decorada. Nós optamos por tomar um full English breakfast, preparado e servido pela dona da casa. Coisa de primeira! Não tinha lugar na mesa para colocar mais nada. O café serviu como almoço, de modo que não precisamos comer mais nada até a hora do chá da tarde. Bom, quase nada, como você vai descobrir mais pra frente no post. (Se quiser saber o que nos foi servido no café da manha, sugiro que leia um dos primeiros posts deste blog explicando o Englsih breakfast com ilustrações.)

Claro que quisemos ir para a praia logo no primeiro dia. Então deixamos as malas no quarto e saímos andando de bermudas, regata e chinelos para a beira-mar mais próxima. E a praia não decepcionou. Bournemouth é uma das poucas praias de areia na ilha. Quase todas as outras praias são formadas por um amontoado de pedrinhas roladas (aguardem um futuro post para conhecer Aberystwyth e Brighton). Mas em Bournemouth a faixa de areia é larga e plana. Há espaço para todos: crianças brincando, velhos dormindo e cachorros correndo. Também há muito espaço para o vento. E como venta! Apesar das bermudas, fomos espertos o suficiente para carregar um agasalho. E foi nossa melhor companhia.

Decidimos caminhar um pouco para sentir a areia nos pés – já que a água estava muito fria para colocarmos os pés dentro dela – e fomos andando sem rumo na beira do mar. O tempo foi passando e a fome foi chegando. De repente, lá estávamos nós, no meio do nada com os estômagos roncando mais que os rolamentos do meu fiestinha (poucos vão entender essa, mas o Leo e o pai Jéder vão). Decidi procurar no mar para ver se encontrava algum peixe dando sopa, mas a água estava tão fria que nem os coitados haviam saído de casa para oferecer sopa neste dia (mais uma para o Leo). De uma lado, montanhas, do outro, mar. E nada in between. A fome era tanta que comecei a provar algumas pedrinhas que estavam na areia. E foi a salvação. Fiquei com a barriga cheia, tranqüila, bem alimentado de sais minerais.

Foi então que comecei a desconfiar da Lilian. Eu estava pesado por conta de minha refeição. Contudo, a Lilian continuava levinha, mas sem fome. De uma hora pra outra ela parou de reclamar da fome. Foi quando eu descobri seu segredo: chocolate. Claro que eu fiquei bravo com ela. Isso não se faz! Trocar uma alimentação tão natural e rica por uma barra de chocolate ao leite! Deixei ela de castigo por duas horas sentada num banquinho numa ilha deserta. Ela aprendeu a lição, mas ficou sem voz de tanto gritar.

Nos outros dias voltamos muitas vezes para a praia. Bournemouth tem um pier muito bonito e um oceanário que vale a pena visitar. Mas, imperdível mesmo é o tradicional restaurante Harry Ramsden “The world’s most famous fish and chips”. Não é bem um restaurante, está mais para um boteco com muita, muita, mas muita fritura. Mas o peixe frito é mesmo uma delícia. E nada melhor que comer peixe frito na frente dos peixes vivos na beira da praia. Bournemouth também é uma cidade com muitos idosos. É a cidade ideal para a aposentadoria. Quente, limpa, relativamente plana, tranqüila e bem preparada para centenas de cadeiras de rodas motorizadas. No domingo fomos à igreja no culto da manhã. Sentamos mais ou menos no meio da igreja e, olhando ao redor, só vimos cabeças brancas (e algumas carecas). A média etária girava em torno de 75 e chegamos a desconfiar que estavam adicionando pedrinhas de naftalina no chá para mútua conservação.

Mas, para finalizar o post, tenho que contar sobre o reencontro. Em 1994, quando tinha 13 anos, fui para Bournemouth passar o mês de janeiro estudando inglês. Fiquei hospedado na casa da família Bayford: pai, mãe, filho, duas filhas, dois cachorros, dois gatos, dois ramsters e 5 estudantes estrangeiros, todos em harmonia sob o mesmo teto. Não preciso falar que a casa era muito cheia a animada. Adorei o tempo que passei com eles e sempre tive vontade de reencontrá-los. Pois desta vez fomos visitá-los. E, para minha surpresa, a família tinha aumentado ainda mais com a chegada de um neto. Não pudemos encontrar todos eles e ficamos lá por alguns minutes apenas, mas foi bom ter notícias dos Bayford novamente. Quem sabe voltaremos lá quando tiverem um bisneto?

Passamos ótimos dias em Bournemouth. O sol apareceu de vez em quando. Visitamos muitos lugares interessante e bonitos. Consegui realizar o sonho de visitar a ilha de Brownsea, local do primeiro acampamento escoteiro organizado por Baden Powell. Provamos comidas novas, diferentes, gordurosas e inorgânicas. Caminhamos muito. Tomamos vento. Tomamos chuva. Tomamos sol. E, finalmente, depois de 2 anos, pisamos novamente na areia da praia. E por falar em areia, tem uma coisa que não consegui entender: Quem teve a coragem de enterrar esse bebê!?





13/07/2007
Bournemouth and Poole
England



Thursday, August 07, 2008

Domingo de sol...


Agora que já engatamos a primeira, vamos tirar o pé da embreagem e acelerar esse blog. Afinal, temos pouco mais de um ano (mais alguns milhares de fotos) de atraso nas histórias.

Voltei de San Diego para Londres procurando pelo verão. (Vocês já sabem como é o verão por aqui, eu já escrevi sobre ele em um post anterior.) Na maioria dos dias nós não conseguimos encontrá-lo. Em outros raros dias é ele quem nos acha. E confesso que sempre nos pega de surpresa e acabamos carregando os casacos e guarda-chuvas o dia inteiro pela cidade. Mas, num destes belos, porém raros, domingos de sol consegui tirar a poeira da câmera e tirar algumas dezenas de fotos com céu azul.

Por isso esse post não tem outro assunto senão fotos da Lilian num domingo de sol. Mas, para você não ficar reclamando que ela é a única modelo – como se você reclamasse disso – apresento dois de nossos amiguinhos da igreja (de costas).

Mas este mês de julho também nos trouxe uma boa surpresa. Não estou falando do verão desta vez, mas da amizade calorosa da família Augusto. Eles chegaram em Londres e já receberam nossas boas-vindas comendo “fish and chips” num pub perto da St. Paul’s. Eles ainda vão aparecer muito por este blog.


Domingo de sol
08/07/2007
London







Tuesday, July 22, 2008

Academic webpage...

Inaugurada minha webpage acadêmica

Quer saber o que o Guto faz nas horas vagas, isto é, quando não está escrevendo esse blog?

Então visite...
www.ndf.poli.usp.br/~gassi











Wednesday, July 16, 2008

Conferência na Califórnia...


Olá! Quanto tempo. Já faz mais de quatro meses desde que escrevi o último post. E pra piorar, a seqüência cronológica do blog está atrasada em mais de um ano! Eu sei, eu sei... Gostaria de poder escrever com mais freqüência. Fotos e idéias não faltam. Aliás, nosso estoque de fotos tem crescido exponencialmente! (Aí foi o toque nerd do post de hoje.)

Como diria meu pai: “o trem aqui te feio!” 2007-2008 foi o ano acadêmico mais corrido do doutorado até agora. Mas acredito que este último ano ainda vai superar, afinal eu escrever, escrever e escrever. Não! Não estou falando do blog, mas sim da tese. Senão não voltamos pro Brasil. Mas, sabia que esta correria ajuda a aliviar a saudade? Quando a rotina fica bem ocupada mesmo é que lembramos dos nossos dias em São Paulo. Mas, graças a Deus, está tudo indo muito bem.

A Lilian continua trabalhando firme (ou futebor? – essa é para o pai Jéder) aqui na faculdade e está fazendo o melhor cappuccino da região. De vez em quando ela vem com um papo de comprar uma máquina de café expresso para casa, pode!?

Mas vamos ao que interessa: ao post do dia (ou seria este o post do quadrimestre?). Logo depois que o Leo voltou para o Brasil, em junho de 2007, eu fui para uma conferência em San Diego nos EUA. A Lilian não foi desta vez, mas ficou mamando com o André e a Graça, sozinhos, por uma semana em Londres. Até hoje não me contaram os detalhes que aprontaram nesses dias, mas quando cheguei a casa estava de pernas para o ar! Era serpentina presa no lustre, confetes espalhados atrás do sofá, geladeira e freezer vazios e grandes olheiras me esperando. Um dia ainda descubro o que se passou por aqui. Mas enquanto eles estavam neste clima de festa, eu suponho, lá estava eu nos EUA trabalhando duro o dia todo. Claro que não tirei fotos durante a conferência, não há tempo para essas coisas com tanto trabalho pela frente. Mas consegui tirar algumas poucas dos raros momentos livres que tivemos. Você vai ver.

A conferência foi em um hotel na baía de San Diego cujo nome é bem sugestivo: Paradise Point Hotel. Trata-se de um daqueles resorts americanos bem artificiais, perfeitamente montados e decorados como se fosse um parque de diversões da Disney (bem pra inglês ver mesmo). Não que o lugar não fosse bonito, era sim. Mas um tanto artificial, sem profundidade. Extremamente confortável, mas parecia um cenário de filme. A decoração do hotel foi baseada num paraíso tropical. Flores, bananeiras, palmeiras e coqueiros por todos os lados. Portanto, nada de muito diferente para nós brasileiros. Mas chega de falar do hotel, vamos falar dos pontos altos da viagem.

A baía da San Diego era ótima para velejar. Então, em um belo dia de sol (que coincidiu com umas daquelas sessões que ninguém queria participar) alguns acadêmicos, que prefiro manter no anonimato, e eu alugamos um veleiro por algumas horas para testar nossas habilidades náuticas. Como um bom engenheiro naval teórico eu fiquei encarregado pelas fotografias. Outros dois marujos foram incumbidos de permanecerem assentados sem atrapalhar muito. Por fim, o restante das atividades foram igualmente distribuídas entre os outros dois homens-do-mar que realmente sabiam o que estavam fazendo.

Em um outro dia fui conhecer o Balboa Park (não, não foi construído em homenagem ao Rocky) que é um parque muito bonito no centro de San Diego, perto do zoológico, com uma bela vista da cidade. Achei muito interessante uma concha acústica para concertos de órgão ao ar livre. (Lá também tem um museu aeronáutico onde foi o banquete da conferência.) Infelizmente não consegui dar um pulinho em Tijuana, mas nem precisou. Em San Diego se fala mais espanhol que inglês e a quantidade de restaurantes e trabalhadores mexicanos dá vida para a cidade.

San Diego tem um dos maiores e mais famosos zoológicos do mundo. O lugar é muito bem cuidado e a diversidade de animais é fantástica. Num dos últimos dias da conferência lá fui eu visitar meus amigos pandas, coalas e flamingos. Como andei nesse dia! Posso dizer que passei por todas as ruas do zoológico sem deixar nenhuma jaula sem ser visitada. Conheci pelo nome e apelido todos os habitantes do parque. Alguns me receberam muito bem, outros não estavam bons pra papo. Mas nem por isso deixei de tirar mais de uma centena de fotos. No final do dia, esgotado, só queria mesmo banho e cama.

Mas depois destes dias em San Diego, ainda estava com pique para a maior prova de resistência da minha vida. Na volta, comprei um vôo que saia de San Diego e fazia uma longa escala em Loas Angeles antes de voar direto pra Londres. Por longa escala, entenda quase um dia inteiro. Comprei esse vôo de propósito porque queria conhecer LA na passagem. Saí do hotel de madrugadinha (em um daqueles típicos táxis da Califórnia, uma barca dos anos 60 com estofados e carpetes vermelhos) e peguei um bi-motor pipocando até LAX. Cheguei lá ainda de manhã e comecei a jornada pela cidade. O lugar é imenso! Nada é perto de nada! Durante o vôo havia planejado meu roteiro do dia e logo peguei um ônibus, mais uma caminhada, mais um metrô até chegar em Hollywood.

Lá chegando fui tomar um cafezinho e encontrei um boiadeiro com que fui falar... (opa, música errada). Saí direto em Sunset Blvd. Anda pra lá, corre pra cá, flash por todos os lado. Todas aquelas cenas que você vê na televisão estão lá: o teatro, a calçada da fama, Rodeo Drive, o letreiro na montanha, Beverly Hills, etc. Mas fiquei frustrado... Novamente veio aquela sensação cenográfica, tudo parecia meio falso, vazio, sem caráter. Gostei muito, mas não sei se quero voltar lá de novo. Por isso nem fiquei muito tempo. Olhei no mapa e decidi ir para a praia de Santa Mônica, parecia pertinho, uma linha reta (tudo por lá é uma linha reta).

Doce ilusão! Peguei um ônibus e rodei por quilômetros intermináveis. No mapa tudo parece pertinho, mas a escala do lugar é fora da realidade! (ainda mais para os minúsculos padrões europeus). Levei quase duas horas no ônibus (em linha reta) para chegar na praia. Mas quando cheguei, me senti novamente num daqueles seriados americanos: uma praia longa e com muita areia. Um monte daquelas cabines de salva-vidas espalhadas na beira da água. Ao Norte fica Malibu, ao Sul, Venice Beach. Fui para o Sul, andando, na direção do aeroporto.

Foi aí que começou minha maratona. Eu ainda não falei, mas desde que saí do hotel estava carregando uma mochila como bagagem de mão. O detalhe é que o laptop que eu levei pesa 5Kg (sem bateria e fonte de alimentação)! Já havia caminhado a manhã inteira com esse peso nas costas. Pois caminhei mais a tarde toda, toda a extensão de Santa Mônica e Venice, pela areia fofa da praia. Detalhe, eu estava de calças jeans dobrada na canela e carregando o par de tênis amarrado na mochila. (Claro que não vou colocar nenhuma fotos deste momento no blog, zelo por minha reputação.)

Cheguei no aeroporto na hora exata para fazer o check-in. Entrei no avião exausto para um vôo longo de Los Angles à Londres. Só queria que a janta chegasse logo. Nem liguei por estar com a calça molhada de água salgada e com os pés cheios de areia. Talvez o passageiro da poltrona vizinha tenha percebido que eu havia andado o dia inteiro...

Essa foi minha longa semana de trabalho em San Diego. A conferência foi boa, apresentei meu trabalho e fiz bons contatos. Mas o mistério fica no ar: o que será que Lilian, André e Graça estavam aprontando enquanto em estava fora?

Nota: Como neste post não tivemos fotos da Lilian, tive que preencher o espaço com fotos dos meus acompanhantes. Conheça alguns dos habitante do zoológico de San Diego.

San Diego e Los Angeles
10-16/06/2007
EUA








Wednesday, March 05, 2008

Despedidas...


Hoje vamos escrever sobre as despedidas, sobre o momento em que nossas visitas, não contentes em nos abandonar, decidiram levar para o Brasil o verão que estávamos curtindo. Mas antes, vamos retomar a história.

Lilian e eu havíamos voltado da Espanha para Londres enquanto André e Graça continuaram a viagem visitando Roma. Ao mesmo tempo, Leo estava terminando a sua volta pelos 16 países em 40 dias e poderia chegar em casa a qualquer instante. E foi assim que nós cinco nos encontramos em casa na primeira semana de junho.

Todos cheios de histórias para contar. André e Graça, que haviam estreado a câmera nova, quase conseguiram ganhar do Leo no número de fotografias (mas todos perderam para mim). E pra colocar as novidades em dia, nada melhor que um pic-nic (convescote, para alguns) para aproveitar o sol no Hyde Park. Fizemos a matula, arreamos os cavalos e nos mandamos para o parque. Pena que a Lilian teve que trabalhar naquela manhã de sábado e só pode juntar-se a nós no começo da tarde.

O dia estava lindo, o parque, bem cheio e a nossa sacolinha, completamente recheada com todas as variedades de chips e chocolates. Abrimos a toalha na grama no melhor estilo Londrino e ficamos a manhã inteira comendo, bebendo, conversando e vendo o Leo fazer malabarismos com laranjas, garrafas, copos, pássaros, formigas, esquilos, etc.

Depois do almoço nos encontramos com a Lilian na entrada do parque. O Leo seguiu para o Madame Tussauds, enquanto André e eu fomos convencidos a acompanhar as madames em uma caminhada pelas lojas da High Street Kensington. Espertamente, elas não nos revelaram que pretendiam passar por todas as lojas. Mas, após a terceira parada, usamos nossa estratégia de fuga e fomos nos refugiar num café. Ficamos horas neste café até que as duas resolveram aparecer. O número de lojas que elas visitaram ainda é um mistério. Mas, como bons maridos que somos, terminamos o dia carregando sacolas para casa.

No dia seguinte, domingo, fomos à igreja com toda a delegação brasileira (aproveitamos para ensinar alguns escoceses como se dá um abraço de verdade). O Leo não ficou por muito tempo conosco. Na segunda-feira já estava a caminho do aeroporto. Algumas semanas depois foi a vez da Graça e do André se despedirem. Foi muito bom ter todos vocês aqui durante este verão. Sem dúvidas aproveitamos muito! Espero que voltem em breve e, desta vez, tragam o resto da família.

Leo, Graça e André
02/06/2007
London

Tuesday, January 29, 2008

Os Penna conquistam a Europa... (Parte 3)


Depois de ouvir muitas solicitações para que eu não deixasse os Penna trancados em Paris, mas continuasse com a sua história ao redor da Europa. Depois de já haver passado oito meses desde que eles estivemos na Espanha. E antes que minha sogra resolva vir novamente... Eu decidi, finalmente, escrever um novo post neste blog. (Saibam que eu bem queria fazer um pouco mais de demora, afinal o post anterior não recebeu nenhum comentário!)

Pois bem, depois de três dias passeando pela Cidade Luz pegamos novamente o trem e voltamos todos pra Londres. Ficamos alguns dias por aqui e então pegamos um avião para Barcelona para conhecermos a Espanha. Pra começar bem a viagem com um clima de aventura – afinal “viagem de estudante sem dinheiro”se enquadra em duas categorias: aventura e teste de sobrevivência – optamos por um daqueles vôos de baixo custo da já tão amiga Easyjet.


O problema é que estes vôos saem bem cedo, ainda de madrugada, e a melhor opção de transporte acaba sendo ir para o aeroporto na noite do dia anterior (tudo isso para não pagar um táxi). Então chegamos no aeroporto de noite, passamos a noite toda em um café e pegamos o avião bem cedinho. (Claro que este todo tempo todo sem dormir não foi o suficiente para Lilian e Graça colocarem o papo em dia.)

Este vôo também tem outra vantagem: chegamos em Barcelona no inicio da manhã, com o dia inteiro ainda pela frente. Entramos (ou melhor, subimos!) no hotel apenas para deixar as malas, mas acabamos dormindo para recarregar as baterias. Mas logo saímos para a caminhada. Andamos, e como andamos! Num só dia fomos longe e conhecemos grande parte dos pontos turísticos da cidade.

Barcelona tem praia, mas também tem muito morro! Mas a verdade é que a cidade encanta. O clima é muito descontraído e o povo sabe tratar bem os turistas. A arquitetura também é impressionante. Parece que a influência de Gaudi está em toda parte, o que faz a cidade ficar mais leve e descontraída.

Ficamos hospedados no Bairro Gótico de Barcelona, o bairro mais antigo, onde a cidade começou a se desenvolver. As ruas são bem estreitas e em cada esquina tem um bar servindo “tapas”. Além deste lado antigo, também conhecemos o parque olímpico, um bairro inteiro construído para os Jogos Olímpicos de 1992, outro show de arquitetura.

Mas foram as obras de Antonio Gaudí que mais me impressionaram mesmo. A famosa Igreja da Sagrada Família (que ainda está em construção) tem uma fachada que mais parece um castelinho de areia. Mas é seu interior que mais me impressionou. Parece que o cara queria brincar e resolveu deixar a imaginação correr em cada detalhe da obra. Ainda quero ir lá quando ela estiver terminada.

Também passamos por museus, restaurantes, praças, mais restaurantes e, por fim, enquanto Lilian e Graça foram às compras, André e eu estivemos no Parque Guell. Trata-se de um condomínio todo projetado por Gaudi onde você percebe como a mente do arquiteto trabalhava. Uma visita é imprescindível, e um bom exercício para as pernas antes da subida é altamente recomendado.

Ficamos dois dias inteiros em Barcelona e, na manhã do terceiro dia, alugamos um carro para viajarmos pelo interior da Espanha até Madri. Mas, antes de sairmos da costa, fomos atrás de algumas praias mais bonitas. Seguimos pela costa ao Norte até um lugar chamado Lloret del Mar, em Costa Brava. Lá a Lilian pode matar a saudade do mar e aproveitar para tirar o atraso no bronzeado. Nem me lembro quanto tempo fazia que nós não víamos praia com sol. E foi muito bom! Passamos a manhã curtindo o calor na areia e a Lilian só saiu da água quando já estava toda enrugada. Encontramos um bom restaurante na beira da praia para comermos um peixe e, de barriga cheia, tocamos viagem para Zaragoza.

Chegamos em Zaragoza no começo da noite e fomos direto para o hotel, que ficava bem no centro histórico da cidade. Na frente do hotel estava a grande praça onde fica a Basílica do Pilar, cujo teto foi pintado por Goya. Descemos do quarto para procurarmos alguma coisa para comer, mas tudo já estava fechado! Nem parecia a mesma Espanha de Barcelona. Acabamos comendo umas tranqueiras no quarto só para não dormirmos com fome.
Valeu a pena termos passeado pela praça no calor da noite, porque o dia seguinte amanheceu chovendo. E a chuva nos fez pegar o carro e ir para Madrid mais cedo que havíamos planejado. Foi tudo o que conhecemos de Zaragoza: a praça central numa noite quente e o interior da basílica numa manhã de chuva.


Mais algumas horas de viagem, mais alguns quilômetros de estradas perfeitas e lá estávamos chegando na capital ibérica. Chegamos no meio da tarde para deixar as malas no hotel – que se chamava Hotel Inglês – e sairmos para passear no centro velho da cidade. Fomos caminhado até a Plaza Mayor, uma praça retangular, gigante, com piso de pedras e cercada por prédios altos de todos os lados. Todas as fachadas têm janelas viradas para a praça e parece que tem sempre alguém te olhando (você entra na praça por uns arcos entre os prédios).

Era nesta praça que os comerciantes traziam suas mercadorias do interior para venderem na cidade. De um certo modo isto ainda ocorre hoje em dia, mas os comerciantes se tornaram imigrantes ilegais e as frutas e carnes viraram DVDs piratas e eletrônicos Made in China. Mas a praça ficou mesmo famosa pelos tribunais da Inquisição Espanhola que lá aconteceram. Além de judeus e muçulmanos, milhares de protestantes foram cruelmente assassinados em nome da Igreja Católica no século XVI.

Mas esta foi somente a primeira tarde em Madri. Na manhã seguinte nós pegamos o carro e fomos visitar Toledo, há cerca de uma hora de viagem. Essa cidade impressionou pela conservação. Toledo é uma das cidade mais antigas da Espanha e também já foi a mais importante. Era capital do Império Visigodo espanhol e vemos até hoje influência da cultura cristã, judaica e moura. Toledo existe há muito tempo! E ela já pertenceu a meio mundo.

Mas, duas coisas fizeram a fama da cidade: o ouro e o aço. Foi nessa região que começaram a trabalhar o aço para fazer espadas e armaduras. Na mesma época surgiram os artesãos que trabalham ouro adamascado sobre aço, fantástico! Passamos o dia em Toledo, e foi um dia inesquecível com muitas lembranças. E para tornar a viagem ainda mais única e especial aquela chuva que deixamos lá em Zaragoza veio nos seguindo.

No final da tarde, quando já estávamos a caminho do carro, caiu o maior temporal e ficamos presos por um bom tempo dentro de um restaurante. Eu fui escolhido para buscar o carro e nem preciso dizer que tive que torcer minhas roupas antes de entrar. Voltamos exaustos para Madrid e capotamos na cama ao som da chuva no telhado.

No dia seguinte continuamos o passeio por Madri. Fomos conhecer os jardins do Palácio Real, encontramos com Don Quijote e Sancho Panza passeando à cavalo na praça central e terminamos o dia no Parque del Retiro. Conseguimos visitar muita coisa e também tirar algumas dezenas de fotos. No dia seguinte chegou a hora da despedida. André e Graça fizeram as malas e pegaram o metrô até o aeroporto. Eles continuaram sua viagem com mais três dias em Roma. Lilian e eu ficamos mais algumas horinhas em Madri, visitamos os Museu do Prado e a Estação Atocha e pegamos o avião de volta para Londres no meio da tarde.

Assim foi nossa pasagem pela Espanha. Conhecemos: Barcelona, Lloret del Mar, Zaragoza, Toledo e Madri em sete dias. Dá pra entender porque a Espanha é hoje o segundo país mais visitado por turista no mundo todo. Se você quiser saber como foi a viagem de Graça e André (ou agora seria Andrea) na Itália, vai ter que convencer minha sogra a escrever um outro blog, porque eu não posso contar. No próximo post voltamos a Londres, onde encontramos um cidadão do mundo que estava sumido há alguns dias.

Barcelona à Madri
16-22/05/2007
Espanha